quarta-feira, 19 de junho de 2024

Críticas - Anatomia de uma Queda (2023)

 

Dirigido por Justine Triet


Existe um subgênero no cinema, que já foi bastante explorado e nos entregou filmes marcantes. Questão de Honra (1992), 12 Homens e uma Sentença (1957), são só alguns exemplos de grandes obras de tribunal. O que causa mais empolgação nesses filmes, é a adrenalina do tribunal aberto, onde os advogados têm que praticamente atuar para convencer os jurados sobre a sentença do réu. CONVENCER, é a palavra chave desses filmes, sem dúvida.


E o convencimento precisa vir carregado de fatos. E aí vem o suspense e o mistério característicos dos romances policiais. Os fatos novos vão surgindo para os personagens, e para nós também. Nós! Nós somos os principais personagens nestes filmes. Porque os espectadores também são colocados no papel de julgadores, desde o primeiro minuto. E é aí que Anatomia de Uma Queda brilha. Porque a sentença, pouco importa realmente no que diz respeito ao julgamento. O que mais importa, é a dúvida que cresce exponencialmente, sobre o caráter da nossa ré, Sandra.


A dúvida, é a chave desta obra de arte. A maneira como a Justine Triet e o Arthur Harari, foram pingando novos fatos, fazendo com que as dúvidas crescecem ainda mais, é o que diferencia este filme dos outros do subgênero. Nos outros, a sentença final é bem amarrada, com todos os fatos na mesa e a conclusão deles. No filme francês… só terminamos com mais questões.


O filme começa com Sandra (Sandra Hüller) recebendo uma jornalista para uma entrevista numa casa afastada da civilização nos alpes. Ela está animada com a entrevistadora, até saindo do assunto de maneira solta e descontraída. Aí, vem a música alta. Uma versão instrumental de P.I.M.P., do 50 Cent, que cola na cabeça de maneira incrível.


Sandra fica incomodada, explicando que o seu marido está ouvindo a música enquanto trabalha no sótão. Sandra dispensa a jornalista, porém marcando um futuro encontro. E aí vem o questionamento: o esposo de Sandra fez aquilo para incomodá-la? Parece ser claro que sim. E por quê? Sandra não recebia visitas rotineiras. Por que aquela em específico o incomodava, ao ponto de ter um comportamento tão infantil?


Sandra então sobe as escadas, enquanto seu filho, Daniel (Milo Machado Graner), sai com o cachorro, Snoop (Messi). Seguimos Daniel com o cachorro por um longo caminho na neve, até que ele volta para casa. Snoop está incomodado, então Daniel o solta. O cão late estridente, diante do corpo falecido e ensanguentado de Samuel (Samuel Theis). Daniel se aproxima, percebendo o corpo e ele começa a gritar a sua mãe, que surge da janela desesperada.


Este é um ótimo início de filme. Misterioso e intrigante no ponto certo. Afinal, por que seguimos Daniel e não ficamos na casa? Provavelmente, aconteceria uma discussão de casal do nível de Charlie e Nicole Barber (Adam Driver e Scarlett Johansson) em História de um Casamento (2019), que certamente levantaria o espectador do sofá. Mas não é assim que Anatomia de uma Queda quer te tocar.


Samuel está morto. Sandra e seu filho estão devastados. Um amigo de Sandra, Vincent (Swann Arlaud) que é advogado, a alerta de que haverá uma investigação, para saber o que aconteceu com Samuel, a colocando inclusive como uma possível suspeita. É aqui que o filme começa de fato. 


Descobrimos que Daniel é cego! E ele usa adesivos em alto relevo nas paredes de cada cômodo para se guiar. É perguntado a ele se não ouviu uma discussão entre os pais, pois ele saiu com o cachorro. Ele costumava sair com Snoop quando os pais discutiam. Ele afirma que não houve discussão, que estava muito seguro sobre isso, pois estava na parte de fora da casa, perto de uma casinha, onde podia escutá-los perfeitamente, mesmo com a música alta. Eles reproduzem a discussão, para testar Daniel. Ele não escuta. O advogado tenta intervir, dizendo que o teste era inútil, pois Sandra já havia dito que não houve discussão. Mas eles insistem. É então que Daniel diz que cometeu um erro. Que estava na verdade dentro de casa. Eles refazem o teste, e Daniel ouve a discussão.


Aqui, Justine Triet brilha! Pois coloca um personagem importante, numa posição de “não-confiável”. Ele errou nesse depoimento, poderia muito bem errar posteriormente. Ou ele não errou? Só de gerar essa dúvida, o filme penetra em nossas mentes, para nunca mais sair. 


A dualidade é a grande marca deste filme. Obviamente, por conta de inconsistências na investigação, Sandra é chamada a julgamento. E novos fatos, carregados de novos questionamentos surgem, que fazem o filme escalar em suspense e mistério. Chega-se a duas possibilidades sobre a morte de Samuel: Suicídio ou Homicídio.


No primeiro caso, ele teria se jogado do sótão, batido a cabeça na quina do telhado da casinha do lado de fora e caído na neve. No segundo caso, Sandra, após uma discussão grave, teria acertado a cabeça do esposo com um objeto pesado, enquanto ele tentava afastá-la perto da janela do sótão, e o empurrado para baixo, onde ele teria batido no telhado, e caído na neve.


O advogado de Sandra, tentava provar que Samuel tinha depressão. Não conseguia mais escrever, e tinha inveja do sucesso da esposa, que já o traíra com outra mulher. Daí, entendemos a primeira cena. Os flashbacks provam que isso é verdade. Que ele abandonou o terapia, que continuou se medicando e teria cometido suicídio, após perceber que sua esposa estava sendo entrevistada por outra mulher. É uma dessas sequências, que o Messi brilhou! Daniel faz um tente com ele, para provar se o pai realmente havia tentado suicídio em outra oportunidade ou não. O cachorro atuou brilhantemente, se fazendo de doente, babando, revirando os olhos! É maravilhoso de ver!


Ok! O suicídio parece fazer sentido. Mas a promotoria também trabalhou duro. Para que o homicídio fosse comprovado, era necessário a prova de que havia tido uma briga pesada, algo que Sandra negava, afirmando que eles nunca haviam chegado às vias de fato. E aí, surge uma prova… uma fita de áudio gravada por Samuel. Ele costumava gravar seu dia-a-dia. E nesta fita, há uma briga nível Charlie e Nicole. É aqui que os personagens mais se expõem, e colocam, em questão de minutos, o que era aquele casamento. Samuel de fato invejava a esposa, a acusando de ter roubado uma ideia sua e feito sucesso com ela, a traição ainda o machucava, Sandra não gostava da ideia deles terem se mudado… e no auge da discussão, quando Sandra parte para cima dele, somos retirados da cena, de volta para o tribunal, ficando apenas com os áudios sugestivos da briga. Então, já praticamente no final do filme, finalmente foi exposto o caráter de Sandra: Ela é capaz de mentir. E principalmente, é capaz de bater no esposo. 


Este praticamente foi o último fato importante do filme. Obviamente, Sandra é absolvida. Pois não encontraram a arma do crime, o objeto pesado que Sandra teria golpeado seu esposo, e não houve confissão. Não precisa ser formado em direito e passado na prova da OAB, para saber que sem a arma do crime, uma confissão, ou uma prova em vídeo ou áudio, não existem possibilidades de julgar um réu culpado de homicídio. Mas isso pouco importa no filme. Afinal, Sandra poderia ter escondido bem o objeto, ou encontrado uma hipotética fita e a queimado. O que mais importa aqui, é o nosso julgamento, diante de um deleite de fatos e questionamentos.


Não ajuda muito o julgamento, com uma personagem tão enigmática. Suas expressões são carregadas de dualidades e assimetrias. Os únicos momentos de preocupação de sua parte, onde vemos um sentimento real, é quando ela pensa no filho. Afinal, com ela presa, seu filho cego ficaria sozinho no mundo. E isso não ajuda muito Sandra, não é mesmo? Do que uma mãe ou um filho seriam capazes de fazer, para não se separarem?


Sandra Huller foi fantástica. Ela representa a ideia do filme de maneira perfeita, irretocável. Foi merecidamente indicada ao Oscar de Melhor Atriz na edição de 2024, edição vencida por Emma Stone, que brilhou em Pobres Criaturas (2024). Ela foi o enigma! A dualidade! Uma atuação arrebatadora.


Justine Triet faz aqui o seu melhor filme, com sua melhor direção. Já havia feito Na Cama com Vitória (2016), uma comédia romântica fora dos padrões, que também traz uma personagem mulher bem profunda. Anatomia de uma Queda é um filme muito bem executado. A gente vê a ideia sendo imposta em cada cena, e mexendo com espectador a cada frame. Ela faz um filme que gera uma discussão eterna. Em que o suspense e o mistério não pararam de escalar ao final do filme, quando Snoop pula na cama com ela. Merecidamente vencedor da Palma de Ouro em Cannes 2023. 


Filmes sem um desfecho claro, costumam incomodar as pessoas. Muita gente não gosta da ideia de assistir um filme por 2 horas e 30, e não saber o desfecho principal do filme. Mas a ideia de um filme assim, é justamente fazer a gente pensar, calcular, fazer testes em nossa mente sobre a anatomia da queda de Samuel…! É uma proposta de filme corajosa e quando bem executada, funciona muito bem. E aí? O que você acha? Sandra matou ou não matou seu esposo?


sexta-feira, 25 de agosto de 2023

Críticas: TITANE (2021)

Dirigido por Julia Ducournau


Muitos amantes da sétima arte, ao pensar em cinema e premiação, automaticamente lembram do Oscar. Quando queremos argumentar o quanto um filme é bom, dizemos quantas estatuetas ele foi indicado ou venceu. O crescimento midiático e representativo do Oscar está ligado à evolução do cinema em Hollywood, iniciado lá no final da década de 20. Mas, assim como o cinema não é só Hollywood, Brad Pitt, Scorsese e Marvel vs DC, Premiações e reconhecimento não vem só da Academia Norte-Americana.


    Ok: O Oscar nos últimos anos tem se expandido para fora da Califórnia. Vide Parasita, Bong Joon Ho, Chloé Zhao, Steven Yeun… Mas, ainda está longe de ter olhos em todos os continentes. Em todas as edições, alguma obra prima escapa. Nós brasileiros, podemos citar Bacurau, por exemplo, que poderia tranquilamente ter tido pelo menos 6 indicações. Mas, sabemos que o Oscar tem seus bastidores, trabalhos de lobby… enfim.


    Olhemos para fora de Hollywood e Oscar, e encontraremos alguns Festivais e premiações tão renomados quanto. Veneza e seu Leão de Ouro, Berlim e o Urso de Ouro e, para mim o mais charmoso, Cannes e a Palma de Ouro. Grandes diretores e filmes já passaram por lá e tem em suas prateleiras a Palme d´Or. Martin Scorsese (Taxi Driver (1976)), Federico Fellini (A Doce Vida (1960)), Akira Kurosawa (Kagemusha (1980)), Andrzej Wajda (Homem de Ferro (1981)), Jane Campion (O Piano (1993)), Quentin Tarantino (Pulp Fiction (1994))... Deu para entender.


     Todos esses filmes têm em comum ideias herméticas, grandes atuações e momentos de choque. A mulher morta em Barton Fink, Robert De Niro salvando Jodie Foster da prostituição infantil em Taxi Driver, Tudo em Pulp Fiction… e, em 2021, os jurados viram uma mulher transando com um Cadillac…


    Julia Ducournau choca Cannes com seu corajoso Titane. Sem dúvidas, já é uma das grandes obras do início da década. É o tipo de filme que não dá para ser explicado, tem que ser visto. É como uma outra obra, também premiada em Cannes, que lembra em alguns aspectos o filme francês; Crash: Estranhos Prazeres (1996) , de David Cronenberg. Assim como na obra de Júlia, o filme do canadense também trata de distúrbios neurológicos, causados por acidentes, e que em consequência trouxeram desequilíbrios mentais/sexuais ligados a automóveis. Sim, o tesão por metal amassado em Crash, é visto no fascínio por metal e óleo em Titane.


    Explicado em palavras, há o risco do filme soar tosco. Mas na verdade é muito diferente do tosco. É um filme cheio de camadas, com atuações brilhantes e desligado de qualquer mesmice já vista. Por isso ganhou o principal prêmio em Cannes.


    O filme inicia trazendo os principais personagens: um carro e Alexia. A menina imita o som do motor, o que causa irritação em seu pai. Julia já quer nos mostrar que existe uma ligação entre carros e Alexia. A menina irrita tanto seu pai, que ele acaba perdendo o controle do carro, enquanto tentava recolocar o cinto em sua filha, e causa um acidente. Vemos apenas sangue no vidro traseiro do carro. Alexia passa por uma cirurgia e uma placa de titânio (Daí o nome do filme) é colocada em sua cabeça. O primeiro choque no filme, é quando Alexia (CRIANÇA!) sai do hospital, corre direto para o carro de seu pai, e o acaricia, o abraça e o beija.


    Há um corte de cena, e pulamos para Alexia adulta (Agathe Rousselle). Já notamos que ela virou uma dançarina sensual, fazendo seus números em… carros! Assim como outras garotas. Com o passar das primeiras cenas, percebemos o quanto ela está distante humanamente e o quanto ela é próxima mecanicamente, principalmente na área sexual. Vemos isso na já citada e histórica cena do sexo com o cadillac, e em sua aversão corporal por pessoas dos dois sexos. Mas, ela demonstra essa aversão, matando essas pessoas. Ela vira uma assassina em série.


    Óbvio, que a polícia começa a ficar em sua cola, com retratos falados dela espalhados pela cidade. Ela acaba tendo uma ideia para escapar; se disfarçar de homem e fingir ser o filho perdido (Adrien) de um bombeiro viciado em esteróides (Vincent Legrand (Vincent Lindon)). A relação entre os dois vive em altos e baixos, mas um fator inacreditável e perturbadoramente surreal, acontece na vida de Alexia. É o grande plot twist do filme. Obviamente, não dá pra contar. Mas, num filme tão corajoso como esse, tranquilize-se ao saber que você vai se impressionar.


    Não foi a estreia de Julia no cinema. Ela já foi bem aplaudida por outras grandes obras como Júnior (2011) e Raw (2017). Outro detalhe importante em sua autoria, que não pode ser esquecido, é o poder feminino, presente nos três filmes citados.


    Mas Titane é sem dúvidas sua criação mais autoral e impressionante de todas. A coloca no radar do cinema mundial e a faz entrar numa lista seleta de cineastas. Ela já é enorme no cinema, com uma palma e sem estatueta.

 

quarta-feira, 26 de julho de 2023

As/ Os Notáveis: O Mestre das Fantasias

 Federico Fellini

País de Origem: Itália
1920 - 1993
Prêmio e Festivais: OSCAR - FESTIVAL DE CANNES - FESTIVAL DE VENEZA
Período: Neorrealismo Italiano / Pós-Neorrealismo

TOP 5 PRINCIPAIS FILMES:

  • A Doce Vida (1960)
  • 8 ¹/2 (1963)
  • Amarcord (1973)
  • Os Boas Vidas (1953)
  • Noites de Cabíria (1957)

Os Sonhos de Fellini

  Quem ama cinema, sabe que a Itália é um terreno fértil de grandes cineastas. Rosselini, De Sica, Antonioni, Pasolini e mais recentemente, Sorrentino, são só alguns dos grandes exemplos. E essa fertilidade intrínseca, teve início em um movimento, que é considerado como o grande divisor de águas na história do cinema. O Neorrealismo Italiano.
  Encabeçado principalmente por Roberto Rosselini e Pietro Germi, o movimento iniciado no pós segunda guerra fazia frente ao cinema otimista e alienado do período Mussolini. Lembramos de filmes notáveis, como Ladrões de Bicicleta de Vittorio de Sica e a trilogia da guerra de Rosselini, que começou com Roma, Cidade Aberta. E sabem de quem foi a ideia do roteiro deste filme? Do jovem cartunista Federico Fellini.
  Após co-roteirizar o filme que marcou o início do movimento, Fellini continuou a escrever roteiros para os grandes cineastas da época. Até que em 1950, Fellini co-dirigiu com Alberto Lattuada seu primeiro filme: Mulheres e Luzes. O filme não teve uma boa aceitação de público e crítica, apesar de ter animado Federico, e acabou falindo o estúdio.
  Em 1952, adaptada da obra de Michelangelo Antonioni, Fellini dirigiu sozinho Abismo de um Sonho, filme que o autor explorou pela primeira vez a relação do ser humano com os sonhos, os devaneios de desejos, que muitas vezes estão fora da realidade vivida pelo personagem. Nessa obra, vemos pela primeira vez a participação do gênio Nino Rotta, que faria anos depois a trilha sonora épica da trilogia O Poderoso Chefão (1972/1974/1990), na trilha sonora do filme. E também, a segunda participação de sua esposa, Giulietta Masina. Mas a grande obra em que marido e mulher brilharam ainda estaria por vir.
  Ainda seguindo a premissa ideológica do Neorrealismo Italiano, Fellini dirigiu duas obras bem elogiadas pelo mundo. Os Boas Vidas, de 1953, onde vemos quatro amigos que só querem saber de farra e curtição. A liberdade entre um grupo que vemos bastante na Nouvelle Vague, movimento francês que viria anos depois. E no ano seguinte, temos A Estrada da Vida, com mais uma parceria entre Fellini e Giulietta, que vive uma palhaça tentando escapar das garras de seu patrão odioso. As duas obras foram premiadas ao redor do mundo. O filme de 53 deteve o Leão de Ouro no Festival de Veneza, enquanto o de 54, o OSCAR de Melhor Filme em Língua Estrangeira, da edição de 57, além de mais um Leão de Ouro.
  Em 1957, Fellini dirige, para muitos, um dos grandes personagens da história do cinema mundial. Cabíria, em Noites de Cabíria. Giulietta Masina nos traz uma personagem extremamente profunda e íntima, rendendo a atriz o Prêmio de Interpretação Feminina no Festival de Cannes. De novo, Fellini aborda os desejos do ser humano, que nós chamamos de sonhos muitas vezes. Apesar do roteiro ter tons trágicos e tristes, por ora irritantes; o final é belíssimo! E traz uma ideia da verdadeira força de uma mulher, que não necessita de um homem para ser grande. É um filme que envelheceu muito bem. como a maioria dos filmes do italiano, e é talvez sua primeira grande obra de arte. A primeira. Porque a maior, viria três anos depois.
  A Doce Vida, de 1960, é citada sempre como um dos melhores filmes da história. São três horas perfeitas visualmente, com inúmeras cenas históricas, como a da americana e do paparazzi (Esse termo que se refere a fotógrafos que caçam celebridades nasceu neste filme) na Fontana di Trevi. A americana apenas se deliciando com a liberdade e o poder da fama, enquanto o jornalista a olha com desejo quase incontrolável. A obra venceu a Palma de Ouro em Cannes no mesmo ano. É o primeiro grande papel de Marcello Mastroianni com Fellini, que fez uma grande parceria com o diretor no século XX. Inclusive a outra grande parceria, viria três anos depois.
  Sempre me perguntava o porquê do nome desse filme antes de assisti-lo. Confesso que fiquei ansioso em pesquisar logo, mas preferi esperar para ver e descobrir por mim mesmo. Não descobri nada. Terminei o filme ainda não sabendo a misteriosa causa para o título do filme. Até que pesquisei e vi que 8¹/2 tem esse nome, porque foi o oitavo filme e meio do cineasta. Confesso que fiquei chateado no momento, mas depois compreendi o contexto. Na época, Fellini vivia um bloqueio criativo, que sempre atinge autores que produzem em massa. E então, ele fez um filme simplesmente onde um diretor de cinema renomado, vive um bloqueio criativo. É simples e genial. O filme é espetacular. A primeira sequência onírica é sem precedentes. Marcello Mastroianni, novamente maravilhoso, vive um personagem profundo e inseguro sobre si. E nas cenas, vemos os seus medos, narrados por ele mesmo, e seus desejos. Essa obra de arte, conta com inúmeras cenas marcantes e é um primor técnico no quis diz respeito a direção. É o meu filme favorito do cineasta, vencedor do OSCAR de Melhor Filme Estrangeiro na edição de 1964, além de uma indicação a Melhor Direção ao italiano.
  Em 1965, mais uma vez Giulietta Masina brilha vivendo a Julieta dos Espíritos. É um filme bem visual, onde o italiano trouxe bastante onirismo e surrealismo nas cenas, lembrando muitas vezes os filmes do diretor Alejandro Jodorowski, que é reconhecidamente um mestre no gênero. Falando em surrealismo, em 1969 Fellini mergulhou de fato nos sonhos, com a obra Satyricon, adaptada da peça do autor romano Petrônio. O filme é um deleite surrealista. Com cenas psicodélicas e desconexas, parece de fato um sonho descontínuo.
  Não menos importante, temos Roma, em 1972. É uma carta do autor a cidade, onde ele narra os principais acontecimentos que ocorreram desde o dia que ele chegou a capital italiana. Lembrando Duas ou Três Coisas Que Sei Dela (1967), de Godard, com a diferença que o filme do italiano não contém personagens, se não a própria cidade. 
  Seguindo a temática nostálgica, Amarcord (1973) é para muitos uma autobiografia do diretor, apesar do mesmo negar, porém afirmando que houve inspirações de fato em sua infância na região da Emília-Romagna. O filme tem uma cara bem pessoal mesmo, por trazer personagens realistas e profundos e retratar também sobre a política vivida na região, na época da ditadura de Mussolini. É um grande filme, sempre citado também como um dos maiores da história.
  Casanova de Fellini (1976) é um filme bem interessante. Ele traz aqui uma adaptação da autobiografia de Giacomo Casanova, mas também trazendo um pouco da sua visão. Tanto que o nome dele está no título. O filme segue o aventureiro em suas proezas sexuais ao redor da Europa, mas traz também outras nuances do personagem, como uma insegurança sobre se apaixonar e se apegar a alguém.
  Três anos antes de sua morte, em 1990 Fellini dirigiu seu último filme: A Voz da Lua. Com a participação brilhante do grandíssimo Roberto Benigni, o filme traz uma história bonita e com bastante fantasia, a marca registrada do autor. O italiano foi um cineasta completo. Talvez foi um dos que melhor entendeu a profissão diretor de cinema. Nessa posição, ele falou sobre si mesmo, expondo suas inseguranças e visões de mundo, mas também falou sobre nossos desejos intrísecos. Sobre nossos sonhos. E isso é o cinema. É o lugar onde vemos a realidade em forma de fantasia.

 Filmografia

  • Mulheres e Luzes (1950) {Co-dirigido com Alberto Lattuada}
Sindicato Nazionale Giornalisti Cinematografici (Melhor Atriz Coadjuvante)

  • Abismo de um Sonho (1952)
Festival de Veneza

  • Os Boas-Vidas (1953)
Festival de Veneza (Leão de Ouro) / Sindicato Nazionale Giornalisti Cinematografici (Melhor Direção - Melhor Produção - Melhor Ator Coadjuvante) / OSCAR (Indicado à Melhor Roteiro Original) / New York Film Critics Circle Awards (2º Melhor Filme em Língua Estrangeira)

  • Retalhos da Vida (1953) {Segmento: Agência Matrimonial}

  • A Estrada da Vida (1954)
Festival de Veneza (Leão de Ouro) / OSCAR (Melhor Filme em Língua Estrangeira # Indicado à Melhor Roteiro Original) / Festival de Locarno

  • A Trapaça (1955)
Festival de Veneza

  • Noites de Cabíria (1957)
Festival de Cannes (Melhor Atriz - OCIC) / OSCAR (Melhor Filme em Língua Estrangeira) / Festival de San Sebastián (Prêmio Zulueta {Melhor Atriz})

  • A Doce Vida (1960)
Festival de Cannes (Palma de Ouro) / OSCAR (Melhor Figurino # Indicado à Melhor Direção de Arte em Preto e Branco - Melhor Direção - Melhor Roteiro Original) / National Board of Review (TOP Filmes Estrangeiros) / New York Film Critics Circle Awards (Melhor Filme em Língua Estrangeira) / Sindicato Nazionale Giornalisti Cinematografici (Melhor Produção de Design - Melhor Ator - Melhor História Original # Indicado à Melhor Trilha Sonora - Melhor Direção - Melhor Produção - Melhor Roteiro - Melhor Ator Coadjuvante) / Premi David di Donatello (Melhor Direção) / BAFTA Awards (Indicado à Melhor Filme)

  • Boccaccio ´70 (1962) {Segmento: Tentações do Doutor Antônio}
Festival de Cannes / Sindicato Nazionale Giornalisti Cinematografici (Indicado à Melhor Produção de Design)

  • 8¹/2 (1963)
OSCAR (Melhor Filme em Língua Estrangeira - Melhor Figurino em Preto e Branco # Indicado à Melhor Direção - Melhor Roteiro Original - Melhor Direção de Arte em Preto e Branco) / National Board of Review (Melhor Filme em Língua Estrangeira - Top Filmes em Língua Estrangeira) / New York Film Critics Circle Awards (Melhor Filme em Língua Estrangeira) / Festival de Moscou (Grand Prix) / Sindicato Nazionale Giornalisti Cinematografici (Melhor História Original - Melhor Fotografia em Preto e Branco - Melhor Direção - Melhor Trilha Sonora - Melhor Produção - Melhor Atriz Coadjuvante - Melhor Roteiro # Indicado à Melhor Figurino - Melhor Ator - Melhor Produção de Design) / Bodil Awards (Melhor Filme Europeu) / Kinema Junpo Awards (Melhor Filme em Língua Estrangeira - Melhor Direção de Filme em Língua Estrangeira) / Festival de Cannes / BAFTA Awards (Indicado à Melhor Filme) / Directors Guild of America (Indicado à Realização Excepcional em Direção em Cinema)

  • Julieta dos Espíritos (1965)
National Board of Review (Melhor Filme em Língua Estrangeira - TOP Filmes em Língua Estrangeira) / Globo de Ouro (Melhor Filme em Língua Estrangeira) / New York Film Critics Circle Awards (Melhor Filme em Língua Estrangeira) / Sindicato Nazionale Giornalisti Cinematografici (Melhor Atriz Coadjuvante - Melhor Fotografia em Cor - Melhor Produção de Design - Melhor Figurino # Indicado à Melhor Direção - Melhor Atriz) / Premi David di Donatello (Melhor Atriz) / OSCAR (Indicado à Melhor Direção de Arte em Cor - Melhor Figurino em Cor)

  • Histórias Extraordinárias (1968) {Segmento: Toby Dammit}
Sindicato Nazionale Giornalisti Cinematografici (Indicado à Melhor Figurino)

  • Satyricon de Fellini (1969)
OSCAR (Indicado à Melhor Direção)

  • Anotações de um Diretor (1969)

  • Os Palhaços (1970)
Festival de Veneza (Prêmio Pasinetti, Melhor Filme Italiano) / National Board of Review (TOP Filmes Estrangeiros) / Sindicato Nazionale Giornalisti Cinematografici (Melhor Figurino # Indicado à Melhor Trilha Sonora) / Premi David di Donatello (Speciale David)
 
  • Roma de Fellini (1972)
Festival de Cannes (Grand Prix Technique) / Sindicato Nazionale Giornalisti Cinematografici (Nastro d´Argento, Melhor Design de Produção - Melhor Figurino) / BAFTA Awards (Indicado à Melhor Direção de Arte) / Globo de Ouro (Indicado à Melhor Filme em Língua Estrangeira)

  • Amarcord (1973)
OSCAR (Melhor Filme em Língua Estrangeira # Indicado à Melhor Direção - Melhor Roteiro Original) / National Board of Review (Melhor Filme em Língua Estrangeira - TOP Filmes Estrangeiros) / New York Film Critics Circle Awards (Melhor Filme - Melhor Direção) / Sindicato Nazionale Giornalisti Cinematografici (Melhor Atriz Coadjuvante - Melhor Ator Coadjuvante - Melhor Ator Estreante - Melhor História Original - Melhor Direção - Melhor Roteiro # Indicado à Melhor Trilha Sonora - Melhor Fotografia - Melhor Figurino) / Premi David di Donatello (Melhor Filme - Melhor Direção) / Bodil Awards (Melhor Filme Europeu) / Kinema Junpo Awards (Vencedor) / Globo de Ouro Italiano (Melhor Filme - Melhor Direção) / Festival de Cannes / Globo de Ouro (Indicado)

  • Casanova de Fellini (1976)
OSCAR (Melhor Figurino # Indicado à Melhor Roteiro Adaptado) / BAFTA Awards (Melhor Figurino - Melhor Produção de Design e Direção de Arte # Indicado à Melhor Fotografia) / Sindicato Nazionale Giornalisti Cinematografici (Melhor Fotografia - Melhor Figurino - Melhor Produção de Design # Indicado à Melhor Roteiro) / Premi David di Donatello (Melhor Trilha Sonora)

  • Ensaio de Orquestra (1979)
Festival de Cannes / Festival de Chicago / Sindicato Nazionale Giornalisti Cinematografici (Melhor Trilha Sonora)

  • Cidade das Mulheres (1980)
Sindicato Nazionale Giornalisti Cinematografici (Melhor Direção - Melhor Fotografia - Melhor Figurino - Melhor Produção de Design) / Festival de Cannes / Mostra de São Paulo

  • E la nave va (1983)
Sindicato Nazionale Giornalisti Cinematografici (Melhor Direção - Melhor Fotografia - Melhor Produção de Design - Melhor Figurino - Melhor Efeitos Visuais) / Premi David di Donatello (Melhor Filme - Melhor Roteiro - Melhor Fotografia - Melhor Produção de Design # Indicado à Melhor Direção) / Globo de Ouro Itália (Melhor Filme)

  • Ginger e Fred (1986)
National Board of Review (TOP Filmes Estrangeiros) / Sindicato Nazionale Giornalisti Cinematografici (Melhor Atriz - Melhor Produção de Design - Melhor Figurino - Melhor Ator # Indicado à Melhor Direção - Melhor Produção - Melhor Ator Coadjuvante - Melhor Score - Melhor Fotografia) / Premi David di Donatello (Melhor Música - Melhor Figurino - Premi René Clair - Melhor Ator # Indicado à Melhor Roteiro - Melhor Filme - Melhor Fotografia - Melhor Direção - Melhor Produção - Melhor Produção de Design - Melhor Atriz- Melhor Edição - Melhor Ator Coadjuvante) / Globo de Ouro Itália (Melhor Filme - Melhor Atriz - Melhor Ator) / Festival de Berlin / Mostra de São Paulo / BAFTA Awards (Indicado à Melhor Filme em Língua Estrangeira) / Globo de Ouro EUA (Indicado à Melhor Filme em Língua Estrangeira)

  • Entrevista (1987)
Festival de Cannes (Prêmio 40 anos) / Festival de Moscou (Prêmio Ouro) / Globo de Ouro Itália (Melhor Filme) / Festival de Locarno / Mostra de São Paulo / César Awards (Indicado à Melhor Filme Estrangeiro) / Festival de Montreal / Sindicato Nazionale Giornalisti Cinematografici (Indicado à Melhor Direção - Melhor História Original) / Premi David di Donatello (Indicado à Melhor Filme - Melhor Fotografia - Melhor Produção de Design - Melhor Edição - Melhor Direção)

  • A Voz da Lua (1990)
Sindicato Nazionale Giornalisti Cinematografici (Melhor Score # Indicado à Melhor Ator - Melhor Produção de Design) / Premi David di Donatello (Melhor Ator - Melhor Produção de Design - Melhor Edição # Indicado à Melhor Fotografia - Melhor Música - Melhor Figurino - Melhor Filme - Melhor Direção - Melhor Produção) / Festival de Cannes / Festival de San Francisco / AFI Fest

quarta-feira, 24 de maio de 2023

Críticas - O FAROL (2019)

 Dirigido por: Robert Eggers


Esse não é um filme de terror comum. Quem assistir esperando tomar sustinhos toda hora, a presença de um monstro esquisito, que age das formas mais peculiares possíveis, um grupo de personagens, normalmente com dois bobões, um casal bonito e uma pessoa mais inteligente, vai quebrar a cara e não vai gostar do filme. Mas O Farol tem muitas texturas e camadas. Não é um filme atrativo pra galera do mainstream. Primeiro; a fotografia em preto e branco, que já de cara afasta a grande massa que hoje enche as salas de cinema. Segundo, o roteiro que não se explica; algo que também não é atrativo. Nada contra! Cada um com seus gostos. Vamos por partes.

  A escolha da fotografia em preto e branco, é uma clara referência ao expressionismo alemão e à montagem soviética. Eggers usa muitas técnicas dessas escolas. Como os closes máximos e a pouca movimentação das câmeras. A fotografia feita por Jarin Blaschke, é sem dúvidas o principal destaque do filme, sendo indicada ao Oscar (perdendo para 1917, feita por Roger Deakins). As atuações brilhantes de Robert Pattinson e Willem Dafoe, ajudaram muito também. Suas expressões eram sempre carregadas e exageradas, e a representação dos dois em si foi espetacular. Não seria absurdo se eles aparecessem entre os indicados da Academia.

  O roteiro pode parecer confuso, mas é proposital. O filme explora os efeitos do isolamento máximo de um ser humano. Principalmente, no personagem do Robert Pattinson. O filme é basicamente a mente dele. Thomas Howard, um homem cheio de segredos, chegou ao farol para ajudar Thomas Wake (Willem Dafoe), que estava há anos no Farol. A relação entre os dois não começa muito bem, pois Wake deixa claro, que ele era o chefe e o único a poder ficar no topo do farol. Daí, a gente já percebe, um dos efeitos do isolamento. Wake criou suas próprias leis, seus próprios horários e sua própria religião: O Farol. Mas especificamente, a luz que sai dele.

  Entre peidos, arrotos, xingamentos e querosene, a relação entre os Thomas vai ficando mais intensa, com momentos até de sensualidade. Quando bêbados, parece que a qualquer momento, os dois vão se socar, ou se beijar. Inclusive, cada um cria suas figuras sexuais. A de Howard, é uma boneca de sereia. Porém, com o passar do tempo e a perda da sanidade, ele vai tendo visões dessa sereia, imaginando até mesmo a vagina dela. A figura sexual de Wake é… a luz. Num dia, quando Howard ia abastecer o farol, ele vê esperma caindo do topo. Sim. Eggers se preocupa com todos os mínimos detalhes. As más condições para se dormir, para comer, para fazer as necessidades. Tudo é passado com minúcia. 

  Howard começa a invejar Wake, começando a se perguntar por que ele tinha que ser o chefe e só ele, poderia entrar e ver a luz. Vamos entrando cada vez mais na mente de Howard, notando inclusive, que provavelmente ele é um criminoso. Ele começa a projetar a luz, quase como um deus. E o objetivo dele, passa a ser chegar até ela, para ver se conseguia até o perdão pelos seus piores pecados.

  Robert Eggers está melhor a cada filme. A Bruxa, já havia sido um grande acerto. O Farol e A Bruxa (2015), são obras de arte magníficas e já estão entre os clássicos Cult. Impressionante a evolução de Robert Pattinson. De piada sendo Edward em Crepúsculo (2008), a grandes atuações mais recentemente. Até então, Thomas Howard era o grande papel de sua carreira, até surgir The Batman (2022). A atuação de Willem Dafoe (já há muito tempo, um dos grandes atores do cinema mundial), também foi brilhante. Um acabou potencializando o outro. Quem assistiu, sabe qual é uma das melhores cenas do filme: “What? What? What?...”.  Só quem assistiu, vai entender. 

  Vamos abrir a mente, pessoal! É ótimo ir ao cinema e ver um blockbuster, com um óculos 3D e tudo mais. Mas não critiquem o cinema arte, como se ele não valesse um ingresso, sendo que o problema dele não ter sido bom… é você mesmo. Se você analisar A Árvore da Vida (2011), da mesma forma que analisa um filme dos estúdios MARVEL, você não vai entender nada do filme. Mas o pior, é quem critica o filme, como se o erro estivesse nele. O Cinema é e tem que ser cada vez mais democrático. Deve sim atingir as grandes massas. E de certa forma, ele traduz o momento que estamos vivendo. É o momento do simples e rápido. E isso se traduz em tudo. Filmes de heróis atingem o público em massa, por terem roteiros fáceis de compreender, que se auto-explicam, que não deixam questões escondidas e tem uma levada veloz e objetiva. Filmes como Roma (2018), O Farol, Guerra Fria (2018), são cada vez mais feitos para públicos seletos, pois trazem uma ideia de roteiros intrincados, trazendo histórias e personagens distantes da massa, (afinal, a pessoa que tem sofrido com emprego, faculdade e relacionamento, prefere muito mais se identificar com um super-herói, do que com um faroleiro bêbado) e a levada detalhista, lenta e bastante calma. Mas, podemos aprender com os dois estilos. Nenhum filme é digno de lixo. Em todos eles, podemos tirar algo de positivo. O cinema é a luz que pode iluminar nossa consciência. E essa luz, é acessível para todos nós.


quarta-feira, 17 de maio de 2023

As/ Os Notáveis - A referência dos Épicos Sci-fi no século XXI

 Dennis Villeneuve


País de Origem - Canadá
1967 - ...
Período - Cinema Contemporâneo
Prêmios e Festivais - Festival de Cannes / OSCAR / Festival de Veneza

TOP 5 PRINCIPAIS FILMES:

  • A Chegada (2016)
  • Duna (2021)
  • Sicario (2015)
  • Blade Runner 2049 (2017)
  • Incêndios (2010)

A Ficção Científica Épica


  Em 1902, o francês George Meliès lançou Viagem à Lua, revolucionando o cinema para sempre. O que o vanguardista fez estava tão à frente de seu tempo, que o OSCAR só foi inserir a categoria Efeitos Visuais 38 anos depois. Passando por Stanley Kubrick, Ridley Scott e os estúdios MARVEL, Dennis Villeneuve chega na década de 2010, se tornando o ícone desse gênero na atualidade.
  O seu início de carreira foi muito promissor. Óbvio que ele não tinha recursos ainda para fazer épicos e trazer efeitos visuais mais elaborados, porém Redemoinho (2000) já impressionou a crítica na época. 2 anos antes, seu primeiro filme: August 32nd on Earth. 9 anos depois do filme que o colocou no radar, o canadense lança Polytechnique. Uma história baseada em fatos reais, sobre uma tragédia numa escola politécnica em Montreal.
  Mas foi com Incêndios (2010), que de fato o cineasta foi colocado em evidência. O filme é considerado até hoje como o primeiro grande feito do canadense. A obra conta com grandes atuações, ótima direção, e o roteiro, adaptado do livro de Wajdi Mouawad, A Mulher Que Canta (2003), conta com aquele plot-twist de quebrar a cabeça.
  3 anos depois, o canadense lança dois thrillers no mesmo ano: Os Suspeitos, onde o diretor já contou com um elenco mais estrelado e O Homem Duplicado, filme muito bem aceito pela crítica, principalmente pelos efeitos visuais. Em ambos, Jake Gyllenhaal esteve no protagonismo das obras.
  Sicario (2015) foi o primeiro filme grandioso do autor. O filme conta com ótimas atuações principalmente de Emily Blunt, Benício del Toro e Josh Brolin e tem como premissa a guerra contra as drogas dos carteis mexicanos. O filme é distópico, pessimista e simplesmente brilhante do início ao fim. O roteiro de Taylor Sheridan foi elogiado ao redor do mundo e a direção de Villeneuve, aclamada.
  Apenas 1 ano depois de sua grande obra até então, ele lança uma melhor ainda. A Chegada, iniciou a caminhada do autor no campo dos épicos sci-fi. O filme concorreu a 8 Oscars na edição de 2017, conta com Amy Adams em sua melhor forma e grandes enquadramentos. O filme é grandioso em exatamente tudo. Do roteiro de Eric Heisserer, ao som de Bernard Gariépy Strobl e Claude La Haye, vencedores do óscar. O filme retorna com o tema invasão alienígena, que fez muito sucesso na década de 70 e 80 mas acabou se tornando obsoleto e clichê com o passar do tempo. Porém, o roteiro é tão original, fora dos padrões, que o filme entra no hall dos grandes do sub-gênero. Se você ler a sinopse ou alguém explicando, a obra tinha tudo para ser tosca. Mas nas mãos de Dennis Villeneuve, ela se tornou um clássico da ficção científica. Para mim, o melhor filme do diretor.
  Em 2017, o canadense lança o filme mais surrealista de sua filmografia. Fazendo referência ao clássico dos anos 80 do diretor Ridley Scott, Blade Runner 2049 é o segundo épico científico do diretor. Considerado uma continuação de Blade Runner (1982), o filme é fiel ao clássico e é considerado como uma das melhores continuações da história. Inclusive, Ridley Scott esteve presente na produção do filme, que é épico em todos os quesitos. Principalmente a música do gênio Hans Zimmer, a fotografia de Roger Deakins (que venceu vários prêmios ao redor do mundo) e os efeitos visuais de John Nelson, Gerd Nefzer, Paul Lambert e Richard R. Hoover. É um filme extremamente visual, lindo em todos os aspectos e contém Ryan Gosling num personagem depressivo e profundo. Sem dúvidas, já era uma preparação para a obra mais épica de sua carreira.
  Duna (2021), é o último filme do diretor (até a postagem desse texto). Uma história que passou na mão de David Lynch em 1984, um dos grandes gênios do surrealismo, mas que foi duramente criticada na época, por não ser fiel ao romance robusto de Frank Herbert (1965). Porém, Villeneuve pegou a obra e a colocou onde deveria ficar. O filme recebeu 10 indicações ao OSCAR, e é considerada como a obra que retoma os clássicos épicos dos anos 60 como Lawrence da Arábia (1962) e Spartacus (1960). Timothée Chalamet como Paul Atreides era a melhor escolha possível. O filme foi muito bem recebido por público e crítica e já tem marcada sua continuação para 2023. A obra tem tudo para repetir o sucesso de outro épico: O Senhor dos Anéis (2001/ 2002 / 2003) de Peter Jackson. O canadense se estabelece de fato, como o principal realizador do sci-fi épico.
  

Filmografia:

Curtas:

  • REW FFWD (1994)
FESTIVAL DE LOCARNO


  • Cosmos (Seguimento "Le Technétium") (1996)
FESTIVAL DE CANNES (DIRECTOR´S FORTNIGHT) / FESTIVAL DE TORONTO / FESTIVAL DE ROTTERDAM / FESTIVAL DE MAR DEL PLATA / FESTIVAL DE CHICACO / GENIE AWARDS (INDICADO À MELHOR FILME - MELHOR FOTOGRAFIA) / FESTIVAL DE ATENAS / NEW DIRECTORS NEW FILMS 


  • 120 Seconds to Get Elected (2006)


  • Próximo Piso (2006)
FESTIVAL DE CANNES (PRÊMIO CANAL+) / FESTIVAL DE TORONTO (MELHOR CURTA-METRAGEM CANADENSE - MENÇÃO HONROSA À MELHOR FILME) / FESTIVAL DE SEATTLE (MELHOR CURTA-METRAGEM - MENÇÃO HONROSA À MELHOR FILME) / GENIE AWARDS (MELHOR CURTA-METRAGEM DRAMÁTICO) / FESTIVAL DA CATALUNHA (MELHOR CURTA METRAGEM) / FESTIVAL DE CALGARY (MELHOR CURTA-METRAGEM CANADENSE) / FESTIVAL DE SUNDANCE / FESTIVAL DE SAN FRANCISCO / FESTIVAL KARLOVY VARY / FESTIVAL DE ESTOCOLMO / FESTIVAL DE OLDENBURG
 

  • Rated R for Nudity (2011)


  • Étude empirique sur l´influence du son sur la persistance rétinienne (2011)



Longas:

  • Un 32 Août Sur Terre (1998)
PRÊMIOS TFCA (INDICADO À MELHOR ATRIZ) / FESTIVAL DE CANNES / FESTIVAL DE TORONTO / FESTIVAL TELLURIDE / FESTIVAL DE LONDRES BFI


  • Redemoinho (2000)
FESTIVAL DE BERLIN (PRÊMIO FIPRESCI) / FESTIVAL DE TORONTO (MELHOR FILME CANADENSE) / FESTIVAL DE MONTREAL (MELHOR FILME CANADENSE - MELHOR CONTRIBUIÇÃO ARTÍSTICA) / PRÊMIOS TFCA (2º LUGAR MELHOR FILME CANADENSE) / VFCC (MELHOR FILME CANADENSE - MELHOR DIREÇÃO CANADENSE - MELHOR ATRIZ CANADENSE) / GENIE AWARDS (MELHOR FILME - MELHOR FOTOGRAFIA - MELHOR ATRIZ - MELHOR ROTEIRO - MELHOR DIREÇÃO # INDICADO À MELHOR EDIÇÃO - MELHOR DIREÇÃO E PRODUÇÃO DE DESIGN - MELHOR SOM - MELHOR EDIÇÃO DE SOM - MELHOR ATOR) / FESTIVAL DE SUNDANCE / FESTIVAL KARLOVY VARY / FESTIVAL DE VANCOUVER / FESTIVAL DE LOS ANGELES / FESTIVAL DE VALLADOLID / VIENNALE 


  • Polytechnique (2009)
FESTIVAL DE CANNES (DIRECTORS´ FORTNIGHT) / TFCA AWARDS (MELHOR FILME CANADENSE) / GENIE AWARDS (MELHOR FILME - MELHOR ATRIZ - MELHOR ATOR - MELHOR SOM - MELHOR EDIÇÃO DE SOM - MELHOR EDIÇÃO - MELHOR ROTEIRO ORIGINAL - MELHOR FOTOGRAFIA - MELHOR DIREÇÃO # INDICADO À MELHOR TRILHA SONORA - MELHOR MAQUIAGEM E CABELO) / MOSTRA DE SÃO PAULO / FESTIVAL DE LONDRES BFI / FESTIVAL KARLOVY VARY / FESTIVAL DE ISTANBUL / FESTIVAL DE ESTOCOLMO / VFCC (INDICADO À MELHOR FILME CANADENSE - MELHOR ATOR CANADENSE - MELHOR DIREÇÃO CANADENSE) / FESTIVAL DE OLDENBURG

  
  • Incêndios (2010)
FESTIVAL DE TORONTO (MELHOR FILME CANADENSE) / FESTIVAL DE ROTTERDAM (AUDIENCE AWARDS) / NBR (TOP 5 FILMES ESTRANGEIROS) / FESTIVAL DE SAN FRANCISCO (WORLD CINEMA) / FESTIVAL DE VANCOUVER (MELHOR FILME CANADENSE - MELHOR ATRIZ CANADENSE) / TFCA AWARDS (MELHOR FILME CANADENSE) / VFCC (MELHOR FILME CANADENSE - MELHOR DIREÇÃO CANADENSE - MELHOR ATRIZ CANADENSE # INDICADO À MELHOR ATOR COADJUVANTE - MELHOR ATRIZ COADJUVANTE) / BSFC AWARDS (MELHOR FILME ESTRANGEIRO) / GENIE AWARDS (MELHOR FILME - MELHOR DIREÇÃO - MELHOR ROTEIRO ADAPTADO - MELHOR SOM - MELHOR EDIÇÃO DE SOM - MELHOR FOTOGRAFIA - MELHOR EDIÇÃO - MELHOR ATRIZ # INDICADO À MELHOR MAQUIAGEM E CABELO - MELHOR DIREÇÃO E PRODUÇÃO DE DESIGN) / FESTIVAL DE VALLADOLID (MELHOR FILME - MELHOR ROTEIRO) / MAGRITTE AWARDS (MELHOR ATRIZ) / FESTIVAL DE PALM SPRINGS (DIRECTORS TO WATCH) / FESTIVAL DE VARSÓVIA (GRAND PRIX - MENÇÃO ESPECIAL) / AFCA AWARDS (MELHOR FILME INTERNACIONAL) / FESTIVAL DE VENEZA / OSCAR (INDICADO À MELHOR FILME INTERNACIONAL) / FESTIVAL DE SUNDANCE / FESTIVAL SXSW / FESTIVAL DE TELLURIDE / BAFTA (INDICADO À MELHOR FILME EM LÍNGUA NÃO INGLESA) / CÉSAR (INDICADO À MELHOR FILME ESTRANGEIRO) / NYFCC AWARDS (2º LUGAR MELHOR FILME ESTRANGEIRO) / FESTIVAL DA TRANSILVANIA / FESTIVAL KARLOVY VARY / CFCA AWARDS (INDICADO À MELHOR FILME ESTRANGEIRO) / DAVID DI DONATELLO AWARDS (INDICADO À MELHOR FILME ESTRANGEIRO) / CPH:PIX / KINEMA JUNPO AWARDS (MELHOR FILME ESTRANGEIRO) / FESTIVAL DE HELSINKI / FESTIVAL DE ABU DHABI

  
  • Os Suspeitos (2013)
NYFC (TOP 10 FILMES DO ANO) / OSCAR (INDICADO À MELHOR FOTOGRAFIA) / FESTIVAL DE TORONTO / FESTIVAL DE SAN SEBASTIÁN / FESTIVAL DE TELLURIDE / NBR / FESTIVAL DE ZURIQUE


  • O Homem Duplicado (2013)
FESTIVAL DE TORONTO (MELHOR FILME CANADENSE) / TFCA AWARDS (MELHOR FILME CANADENSE) / VFCC (MELHOR DIREÇÃO CANADENSE) / FESTIVAL DE ABU DHABI (BLACK PEARL MELHOR NARRATIVA) / FESTIVAL DA CATALUNHA (GRAND PRIZE) / CANADIAN SCREEN AWARDS (MELHOR DIREÇÃO - MELHOR EDIÇÃO - MELHOR TRILHA SONORA - MELHOR ATRIZ COADJUVANTE - MELHOR FOTOGRAFIA # INDICADO À MELHOR ROTEIRO ADAPTADO / MELHOR ATOR / MELHOR FILME / MELHOR EFEITOS VISUAIS) / FESTIVAL DE ROTTERDAM / FESTIVAL DE SAN SEBASTIÁN / EUROPEAN FILM AWARDS (INDICADO À MELHOR FILME INTERNACIONAL - TOP 10 INTERNACIONAL - MELHOR DIREÇÃO INTERNACIONAL - MELHOR ATOR INTERNACIONAL) / FESTIVAL DA TRANSILVANIA / FESTIVAL DE ISTAMBUL / FESTIVAL DE ESTOCOLMO / FESTIVAL TALLINN BLACK NIGHTS / CPH:PIX / FESTIVAL DE PALM SPRINGS


  • Sicario (2015)
FESTIVAL DE CANNES / OSCAR (INDICADO À MELHOR FOTOGRAFIA - MELHOR TRILHA SONORA ORIGINAL - MELHOR EDIÇÃO DE SOM) / FESTIVAL DE TORONTO / FESTIVAL DE SAN SEBASTIÁN / NBR / WGA (INDICADO À MELHOR ROTEIRO ORIGINAL) / AUSTIN FCA (INDICADO À MELHOR FILME - MELHOR ROTEIRO ORIGINAL - MELHOR FOTOGRAFIA - MELHOR ATOR COADJUVANTE) / FESTIVAL DEAUVILLE / FESTIVAL DE HELSINQUE / FESTIVAL DE ZURIQUE / FESTIVAL DE BERGEN

 
  • A Chegada (2016)
OSCAR (MELHOR EDIÇÃO DE SOM # INDICADO À MELHOR FILME - MELHOR DIREÇÃO - MELHOR PRODUÇÃO DE DESIGN - MELHOR ROTEIRO ADAPTADO - MELHOR MIXAGEM DE SOM - MELHOR EDIÇÃO - MELHOR FOTOGRAFIA) / AFI AWARDS (FILME DO ANO) / NBR (TOP 10 FILMES - MELHOR ATRIZ) / BAFTA (MELHOR SOM # INDICADO À MELHOR FILME - MELHOR DIREÇÃO - MELHOR EDIÇÃO - MELHOR MÚSICA ORIGINAL - MELHOR ATRIZ - MELHOR EFEITOS VISUAIS - MELHOR ROTEIRO ADAPTADO - MELHOR FOTOGRAFIA) / WGA (MELHOR ROTEIRO ADAPTADO) / SAN FRANCISCO FCC (MELHOR ROTEIRO ADAPTADO - MELHOR EDIÇÃO # INDICADO À MELHOR FILME - MELHOR TRILHA SONORA - MELHOR ATRIZ - MELHOR PRODUÇÃO DE DESIGN - MELHOR DIREÇÃO - MELHOR FOTOGRAFIA) / AUSTIN FCA (MELHOR ROTEIRO ADAPTADO # INDICADO À MELHOR FILME - MELHOR DIREÇÃO - MELHOR ATRIZ - MELHOR FOTOGRAFIA - MELHOR TRILHA SONORA) / HUGO AWARDS (MELHOR LONGA DRAMÁTICO) / SEATTLE FCA (MELHOR FOTOGRAFIA - MELHOR EFEITOS VISUAIS - MELHOR TRILHA SONORA # INDICADO À MELHOR FILME - MELHOR DIREÇÃO - MELHOR ROTEIRO - MELHOR EDIÇÃO - MELHOR ATRIZ - MELHOR PRODUÇÃO DE DESIGN) /  CAMERIMAGE (SILVER FROG) / AFCA AWARDS (MELHOR FILME INTERNACIONAL DE LÍNGUA INGLESA) / FESTIVAL DE VENEZA / FESTIVAL DE TORONTO / FESTIVAL DE SAN SEBASTIÁN / FESTIVAL DE TELLURIDE / ICP (INDICADO À MELHOR FILME - MELHOR DIREÇÃO - MELHOR ROTEIRO - MELHOR ATRIZ - MELHOR FOTOGRAFIA - MELHOR EDIÇÃO - MELHOR TRILHA SONORA ORIGINAL) / FESTIVAL DE LONDRES BFI / DGA (INDICADO À MELHOR DIREÇÃO) / SAG AWARDS (INDICADO À MELHOR ATRIZ) / GLOBO DE OURO (INDICADO À MELHOR ATRIZ - MELHOR TRILHA SONORA) / FESTIVAL KARLOVY VARY / FESTIVAL DE CHICAGO / FESTIVAL DE ESTOCOLMO / LCCF AWARDS (MELHOR REALIZAÇÃO TÉCNICA - MELHOR ATRIZ) / CFCA AWARDS (INDICADO À MELHOR ATRIZ - MELHOR ROTEIRO ADAPTADO - MELHOR TRILHA SONORA) / VFCC (INDICADO À MELHOR DIREÇÃO - MELHOR ATRIZ) / BODIL (MELHOR FILME AMERICANO) / FESTIVAL DE TÓQUIO / FESTIVAL DE BUSAN / KINEMA JUNPO AWARDS / AMANDA AWARDS (INDICADO À MELHOR FILME INTERNACIONAL) / IFT AWARDS (MELHOR ATRIZ INTERNACIONAL) / FESTIVAL DA PHILADELPHIA / VIENNALE / FESTIVAL DO RIO DE JANEIRO / EMPIRE AWARDS (INDICADO À MELHOR FILME - MELHOR DIREÇÃO - MELHOR ROTEIRO - MELHOR ATRIZ - MELHOR TRILHA SONORA - MELHOR SCI-FI/FANTASIA - MELHOR PRODUÇÃO DE DESIGN)

 
  • Blade Runner 2049 (2017)
OSCAR (MELHOR FOTOGRAFIA - MELHOR EFEITOS VISUAIS # INDICADO À MELHOR PRODUÇÃO DE DESIGN - MELHOR EDIÇÃO DE SOM - MELHOR MIXAGEM DE SOM) / ICP (MELHOR FOTOGRAFIA - MAIS ESPERADO DO ANO) / BAFTA (MELHOR FOTOGRAFIA - MELHOR EFEITOS VISUAIS # INDICADO À MELHOR DIREÇÃO - MELHOR SOM - MELHOR CANÇÃO ORIGINAL - MELHOR EDIÇÃO - MELHOR PRODUÇÃO DE DESIGN - MELHOR MAQUIAGEM E CABELO) / LAFCA AWARDS (MELHOR PRODUÇÃO DE DESIGN - 2º LUGAR MELHOR FOTOGRAFIA) / SFFCC (MELHOR FOTOGRAFIA # INDICADO À MELHOR PRODUÇÃO DE DESIGN - MELHOR TRILHA SONORA - MELHOR EDIÇÃO) / LCCF AWARDS (MELHOR PRODUÇÃO DE DESIGN) / FESTIVAL DU NOUVEAU CINÈMA / NSFC AWARDS (MELHOR FOTOGRAFIA) / CFCA AWARDS (MELHOR FOTOGRAFIA - MELHOR PRODUÇÃO DE DESIGN/DIREÇÃO DE ARTE # INDICADO À MELHOR TRILHA SONORA - MELHOR ROTEIRO ADAPTADO - MELHOR DIREÇÃO DE ARTE) / BODIL (INDICADO À MELHOR FILME AMERICANO) / KINEMA JUNPO AWARDS / FESTIVAL DE ZURIQUE / HUGO AWARDS (INDICADO À MELHOR FILME DRAMÁTICO) / EMPIRE AWARDS (INDICADO À MELHOR SCI-FI/FANTASIA) / FESTIVAL DA NORUEGA / FESTIVAL DE MARRAQUEXE


  • Duna (2021)
OSCAR (MELHOR SOM - MELHOR FOTOGRAFIA - MELHOR TRILHA SONORA ORIGINAL - MELHOR EDIÇÃO - MELHOR EFEITOS VISUAIS - MELHOR PRODUÇÃO DE DESIGN # INDICADO À MELHOR FILME - MELHOR ROTEIRO ADAPTADO - MELHOR MAQUIAGEM E CABELO - MELHOR FIGURINO) / FESTIVAL DE TORONTO (EBERT DIRECTOR AWARD) / AFI AWARDS (FILME DO ANO) / NBR (TOP FILMES) / BAFTA (MELHOR PRODUÇÃO DE DESIGN - MELHOR SOM - MELHOR EFEITOS ESPECIAIS VISUAIS - MELHOR TRILHA SONORA - MELHOR FOTOGRAFIA # INDICADO À MELHOR FILME - MELHOR ROTEIRO ADAPTADO - MELHOR MAQUIAGEM E CABELO - MELHOR SOM - MELHOR FIGURINO - MELHOR EDIÇÃO - MELHOR ELENCO) / GLOBO DE OURO (MELHOR TRILHA SONORA # INDICADO À MELHOR FILME DRAMÁTICO - MELHOR DIREÇÃO) / LCCF AWARDS (MELHOR EFEITOS VISUAIS # INDICADO À FILME DO ANO - DIREÇÃO DO ANO) / VFCC (MELHOR DIREÇÃO) / AUSTIN FCA (MELHOR EDIÇÃO # INDICADO À MELHOR FILME - MELHOR DIREÇÃO - MELHOR ROTEIRO ADAPTADO - MELHOR FOTOGRAFIA - MELHOR TRILHA SONORA - MELHOR DUBLÊ - MELHOR CONJUNTO) / HUGO AWARDS (MELHOR LONGA DRAMÁTICO) / SFC AWARDS (MELHOR EDIÇÃO - MELHOR TRILHA SONORA - MELHOR EFEITOS VISUAIS # INDICADO À MELHOR FILME - MELHOR DIREÇÃO - MELHOR PRODUÇÃO DE DESIGN - MELHOR FIGURINO - MELHOR FOTOGRAFIA - MELHOR ELENCO - VILÃO DO ANO) / CAMERIMAGE (SAPO DE BRONZE) / FESTIVAL DE VENEZA / ICP (INDICADO À MELHOR DIREÇÃO - MELHOR FOTOGRAFIA) / FESTIVAL DE NOVA IORQUE / DGA (MELHOR DIREÇÃO EM LONGA METRAGEM) / WGA (INDICADO À ROTEIRO ADAPTADO) / SAG AWARDS (INDICADO À MELHOR DUBLÊ) / FESTIVAL DE CHICAGO / SFFCC (INDICADO À MELHOR DIREÇÃO - MELHOR FOTOGRAFIA - MELHOR PRODUÇÃO DE DESIGN - MELHOR EDIÇÃO - MELHOR TRILHA SONORA - MELHOR ROTEIRO ADAPTADO) / FESTIVAL DU NOUVEAU CINÈMA / FESTIVAL DE GOTEMBURGO / TFCA AWARDS (INDICADO À MELHOR DIREÇÃO) / DAVID DI DONATELLO AWARDS (INDICADO À MELHOR FILME INTERNACIONAL) / FESTIVAL DE MILL VALLEY / FESTIVAL DE SYDNEY / AMANDA AWARDS (INDICADO À MELHOR FILME ESTRANGEIRO) / FESTIVAL DEAUVILLE / FESTIVAL DE ATENAS / AWARDS OF THE JAPANESE ACADEMY (INDICADO À MELHOR FILME ESTRANGEIRO) / FESTIVAL DE GUADALAJARA / FESTIVAL DE MARRAQUEXE / RENDEZ-VOUS QUÉBEC CINÉMA


quarta-feira, 10 de maio de 2023

As/ Os Notáveis: A pioneira

 Alice Guy Blaché

País de origem: França
1873 - 1968
Período: Os Primórdios da Sétima Arte

TOP 5:

  • A Órfã do Oceano (1916)
  • O Cair das Folhas (1912)
  • A Garota na Poltrona (1912)
  • O Amor Maior de um Homem (1911)
  • Americanização (1912)

O filho de duas artes

  Falamos aqui sobre os pais da sétima arte. Os Irmãos Lumière, criadores do cinematógrafo, equipamento que transformou fotografia em movimento. Citamos que seus primeiros filmes, tinham mais cara do que chamamos hoje de documentários, por eles mostrarem um pouco mais do cotidiano, do dia-a-dia da França e outros países da Europa. Naquela apresentação num café em Paris, eles apresentaram um filme curioso e engraçado, que fugia da linhagem documental trazida. O Regador Regado. Por que esse filme foi tão importante para o desenvolvimento da arte vanguardista?
  Porque, tínhamos o primeiro filme da história roteirizado. Com atuações, embates e comédia. Sem dúvidas, todos que estavam naquele café deram muitas gargalhadas ao ver o homem sendo molhado. Tínhamos ali, o filho de duas artes: A fotografia (em movimento) e o teatro.
  Terminei esse texto, citando no final alguém que estava naquele café que e com certeza fascinou-se com a beleza do que nascia ali. A francesa Alice Guy Blaché. Trabalhava com Léon Gaumont na época e através dele, conheceu os irmãos, tendo contato com o cinematógrafo dias depois. Interessou-se em participar da concepção daquela arte, com o aval de Gaumont Assim, ela fez seu primeiro filme: A Fada dos Repolhos (1896), um filme cem por cento roteirizado.
  Este filme é muito importante. Além da questão do roteiro e da própria filmagem, tínhamos ali também o figurino da fada e a direção de arte do ambiente. Foi o primeiro filme da história, produzido e pensado de maneira meticulosa. A curiosidade da francesa, fez com que ela desse o ponta-pé inicial no cinema roteirizado e produzido.
  Óbvio, que ela não parou por aí. Interessou-se cada vez mais em desenvolver a sétima arte, trazendo ainda mais qualidade na produção e na roteirização de seus filmes. A parceira com Gaumont foi vital, pois ela pôde inserir por exemplo o cronofone, invenção do francês, equipamento que gravava áudios. Alice então juntava as imagens com os áudios. 
  Sua filmografia nos estúdios Gaumont, também chamava a atenção pelos filmes de dança. São inúmeros curtas com esse tema em sua filmografia, onde o movimento em tela mais chamava a atenção. 
  Mas a francesa realmente começou sua caminhada ao sucesso, com o casamento com Herbert Blaché, e consequentemente a mudança para Nova Iorque-EUA. Lá, o casal fundou a Solex Company e ao lado de Lois Weber, Alice se tornou uma das primeiras mulheres a comandarem um estúdio de cinema. Foi aí que as grandes produções realmente emplacaram. Numa mistura de curtas e longas-metragens, Alice dirigiu O Amor Maior de um Homem, um longa-metragem sobre guerra e patriotismo. Tivemos também o emocionante O Cair das Folhas, filme em que ela usou uma criança como protagonista, algo que virou revolucionário anos depois. Americanização é outro filme importante. Alice trazia ali o pioneirismo num assunto que já foi citado diversas vezes na história do cinema. Recentemente, por exemplo, em Parasita (2019), de Bong Joon-Ho.
   Mas tem um filme de Alice, que eu considero uma verdadeira obra de arte (não que as outras não sejam), A Órfã do Oceano é um ótimo filme. Um roteiro bem amarrado, que prende o espectador. As atuações são ótimas até para a nossa época. A produção do longa é bem feita, com ar livre e estúdio. 
  Dá para resumir Alice em uma palavra: Pioneira. Além de ter sido a primeira mulher a dirigir um filme, a roteirizar e produzir, a ter um estúdio bem sucedido em mãos, ela também trouxe os elencos inter-raciais, a colorização dos filmes e os efeitos visuais, feitos com técnicas de montagem. 
  Infelizmente, os problemas pessoais e conjugais de Alice e seu esposo, além dos primeiros passos de Hollywood, acabaram culminando na falência do estúdio. Alice voltou para a França em seguida, e nunca mais dirigiu um filme. Seu legado acabou se perdendo na história. George Mèlies, com o tempo, acabou tomando seu lugar como pioneiro dos filmes ficcionais. Só nos anos 40, quando Alice decidiu fazer uma autobiografia, publicada e traduzida para o inglês nos anos 70 por sua filha e sua cunhada, com a ajuda do escritor Anthony Slide, que também não entedia a falta de reconhecimento pelo pioneirismo de Alice, foi que o legado da francesa começou a ser recuperado. Até que em 2018, Pamela B. Green dirigiu Be Natural: The Untold Story of Alice Guy Blaché, onde a diretora se comprometeu a fazer uma investigação profunda de toda a vida da pioneira da sétima arte, elevando seu legado, para um lugar de onde nunca deveria ter saído. Obrigado, Alice!  
    

  Filmografia

  • A Fada do Repolho (1896)
  • Une Nuit Agitee (1897)
  • Les Cambrioleurs (1897)
  • Le Planton du Colonel (1897)
  • Le Pêcheur dans le Torrent (1897)
  • Leçon de Danse (1897)
  • Le Cocher de Fiacre Endormi (1897)
  • L´aveugle (1897)
  • Idylle Interrompue (1897)
  • En Classe (1897)
  • Danse Fleur de Lotus (1897)
  • Coucher d´Yvette (1897)
  • Chez le Magnétiseur (1897)
  • Ballet Libella (1897)
  • Baignade dans le Torrent (1897)
  • Au Réfectoire (1897)
  • France et Russie (1897)
  • Scéne d´escamotage (1898)
  • L´utilité des rayons x (1898)
  • Les farces de Jocko (1898)
  • L´entrée à Jérusalem (1898)
  • Le Jardin des Oliviers (1898)
  • Leçons de boxe (1898)
  • Le chemin de croix (1898)
  • L´aveugle fin de siècle (1898)
  • La fuite en Égypte (1898)
  • Suprise d´une maison au petit jour (1898)
  • La Flagellation (1898)
  • La crèche à Bethléem (1898)
  • La cène (1898)
  • Je vous y prrrrends (1898)
  • Jésus devant Pilate (1898)
  • Déménageme à la cloche de bois (1898)
  • Un lunch (1899)
  • Transformations (1899)
  • Monnaie de Lapin (1899)
  • Mésaventure d´un charbonnier (1899)
  • Le tonnelier (1899)
  • Le tondeur de chiens (1899)
  • Les dangers de l´alcoolisme (1899)
  • Le déjeuner des enfants (1899)
  • Le crucifiement (1899)
  • Le chiffonnier (1899)
  • L´aveugle (1899)
  • La réssurrection (1899)
  • La mauvaise soupe (1899)
  • La descente de croix (1899)
  • O Bom Absinto (1899)
  • Erreur judiciaire (1899)
  • Danse serpentine par Mme. Bob Walter (1899)
  • Courte Échelle (1899)
  • Au cabaret (1899)
  • Valse lente (1900)
  • Une rage de dents (1900)
  • Suite de la danse (1900)
  • Saut humidifié de M. Plick (1900)
  • Retour des champs (1900)
  • Pas Japonais (1900)
  • Pas du poignard (1900)
  • Pas de éventails (1900)
  • Pas de grâce (1900)
  • Mort d´Adonis (1900)
  • L´Habanera (1900)
  • Le sang d´Adonis donnant naissance à la rose rouge (1900)
  • Le Pollichinelle (1900)
  • Le matelot (1900)
  • Le marchand de coco (1900)
  • Le lapin (1900)
  • Le départ d´Arlequin et de Pierrette (1900)
  • Le danse des saisons (1900)
  • L´écossaise (1900)
  • Leçon de danse (1900)
  • Le bébé (1900)
  • La tarantelle (1900)
  • La source (1900)
  • L'arléquine (1900)
  • La reine des jouets (1900)
  • La poupée noire (1900)
  • La petite magicienne (1900)
  • La paysanne (1900)
  • L'angélus (1900)
  • La fée aux choux, ou la naissance des enfants (1900)
  • La danse du ventre (1900)
  • Gavotte directoire (1900)
  • Déclaration d'amour (1900)
  • Dans les coulisses (1900)
  • Danse serpentine (1900)
  • Danse du voile (1900)
  • Danse du pas des foulards par des almées (1900)
  • Danse du papillon (1900)
  • Dance de l'ivresse (1900)
  • Coucher d'une Parisienne (1900)
  • Chirurgie fin de siècle (1900)
  • Chez le photographe (1900)
  • Chez le Maréchal-Ferrant (1900)
  • Chapellerie et charcuterie mécanique (1900)
  • Bataille de boules de neige (1900)
  • Badinage (1900)
  • Avenue de l'opéra (1900)
  • No Baile das Flores (1900)
  • Arrivée de Pierette et Pierrot (1900)
  • Arrivée d'Arléquin (1900)
  • Tel est pris qui croyait prendre (1901)
  • Scène d'ivresse (1901)
  • Scène d'amour (1901)
  • Pas de colombine (1901)
  • Lecture quotidienne (1901)
  • Lavatory moderne (1901)
  • Hussards et grisettes (1901)
  • Frivolité (1901)
  • Danses basques (1901)
  • Charmant froufrou (1901)
  • A Peculiar Cabinet (1902)
  • Trompé mais content (1902)
  • A Parteira da Classe Média (1902)
  • Quadrille réaliste (1902)
  • Pour secouer la salade (1902)
  • Les malabares, acrobats (1902)
  • Sage-femme de première classe (First Class Midwife) (1902)
  • Les clowns (1902)
  • Les chiens savants (1902)
  • L'équilibriste (1902)
  • Le pommier (1902)
  • Le marchand de ballons (1902)
  • Le lion savant (1902)
  • La première gamelle (1902)
  • La gigue (1902)
  • La fiole enchantée (1902)
  • La dent recalcitrante (1902)
  • La cour des miracles (1902)
  • Intervention malencontreuse (1902)
  • Farces de cuisinière (1902)
  • En faction (1902)
  • Danse mauresque (1902)
  • Danse fantaisiste (1902)
  • Danse excentrique (1902)
  • Bonsoir m'sieurs dames (1902)
  • Fruits de saison (1902)
  • Service précipité (1903)
  • Secours aux naufragés (1903)
  • Répétition dans un cirque (1903)
  • Potage indigeste (1903)
  • Nos bons étudiants (1903)
  • Ne bougeons plus (1903)
  • Modelage express (1903)
  • Lutteurs américains (1903)
  • Le voleur sacrilège (1903)
  • Les surprises de l'affichage (1903)
  • Les braconniers (1903)
  • Les aventures d'un voyageur trop pressé (1903)
  • Les apaches pas veinards (1903)
  • Le liqueur du couvent (1903)
  • Le fiancé ensorcelé (1903)
  • La valise enchantée (1903)
  • La poule fantaisiste (1903)
  • La main du professeur Hamilton ou le roi des dollars (1903)
  • La chasse au cambrioleur (1903)
  • Jocko musicien (1903)
  • Illusionniste renversant (1903)
  • Faust et Méphistophélès (1903)
  • Enlèvement en automobile et mariage précipité (1903)
  • Compagnons de voyage encombrants (1903)
  • Comme on fait son lit on se couche (1903)
  • Comment Monsieur Prend Son Bain (1903)
  • Cake-walk de la pendule (1903)
  • Paris la nuit (1904)
  • L'oiseau envolé (1904)
  • Les enfants du miracle (1904)
  • Les deux rivaux (1904)
  • Le pompon malencontreux (1904)
  • Le crime de la Rue du Temple (1904)
  • L'assassinat du courrier de Lyon (1904)
  • La leçon de pipeau (1904)
  • La gavotte de la reine (1904)
  • Comment on disperse les foules (1904)
  • Après la fête (1904)
  • Pierrot, Murderer (1904)
  • La première cigarette (1904)
  • V'la le rétameur (1905)*
  • Viens, poupoule (1905)
  • Valsons (1905)
  • Si ça t'va (1905)
  • Saharet, boléro (1905)
  • Réhabilitation (1905)
  • Polin, l'anatomie du conscrit (1905)
  • Miss Helyett: Air du portrait (1905)
  • Lilas blanc (1905)
  • Dranem Performs 'The True Jiu-Jitsu' (1905)
  • My Quay's Hole (1905)
  • Le tango (1905)
  • Les p'tits pois (1905)
  • Les maçons (1905)
  • Le rire du nègre (1905)
  • Le petit panier (1905)
  • Le petit Grégoire (1905)
  • L'enfant du cordonnier (1905)
  • Le coq dressé de Cook et Rilly (1905)
  • Le boléro cosmopolite (1905)
  • La statue (1905)
  • La polka des trottins (1905)
  • La paimpolaise (1905)
  • La mattchiche (1905)
  • La malagueña et le torero (1905)
  • La fifille à sa mère (1905)
  • La charité du prestidigitateur (1905)
  • Jeune homme et le trottin (1905)
  • Five O'Clock Tea (1905)
  • Être légume (1905)
  • Espagne (1905)
  • Cucurbitacée (1905)
  • Clown, chien et ballon (1905)
  • Chez le dentiste (1905)
  • C'est une ingénue (1905)
  • Cake-walk nègre (1905)
  • Allumeur-Marche (1905)
  • À la cabane bambou (1905)
  • Un soulier pour un jambon (1906)
  • Une histoire roulante (1906)
  • Une course d'obstacle (1906)
  • Un cas de divorce (1906)
  • Questions indiscrètes (1906)
  • Mireille (1906)
  • The Consequences of Feminism (1906)
  • Le songe du pêcheur (1906)
  • Le Noël de Monsieur le curé (1906)
  • Le fils du garde-chasse (1906)
  • Le cochon de lait (1906)
  • The Birth, the Life and the Death of Christ (1906)
  • La vérité sur l'homme-singe (1906)
  • La hiérarchie dans l'amour (1906)
  • The Irresistible Piano (1907)
  • L'enfant de la barricade (1907)
  • Le ballon dirigeable 'Le patrie' (1907)
  • Fanfan la Tulipe (1907)
  • Une héroïne de quatre ans (1907)
  • One Touch of Nature (1908)
  • The Sergeant's Daughter (1910)
  • A Child's Sacrifice (1910)
  • A Fateful Gift (1910)
  • A Widow and Her Child (1910)
  • Her Father's Sin (1910)
  • What Is to Be, Will Be (1910)
  • Lady Betty's Strategy (1910)
  • Two Suits (1910)
  • The Pawnshop (1910)
  • The Nightcap (1911)
  • The Girl and the Burglar (1911)
  • A Reporter's Romance (1911)
  • His Best Friend (1911)
  • Ring of Love (1911)
  • Mixed Pets (1911)
  • Corinne in Dollyland (1911)
  • Love's Test (1911)
  • A Costly Pledge (1911)
  • Out of the Arctic (1911)
  • Put Out (1911)
  • Greater Love Hath No Man (1911)
  • La Esméralda (1905)
  • A Fool and His Money (1912)
  • Algie, O Mineiro (1912)
  • O Cair das Folhas (1912)
  • Anericanização (1912)
  • A House Divided (1913)
  • A Armadilha e o Pêndulo (1913)
  • Shadows of the Moulin Rouge (1913)
  • Matrimony's Speed Limit (1913)
  • The Monster and the Girl (1914)
  • The Woman of Mystery (1914)
  • The Tigress (1914)
  • The Lure (1914)
  • My Madonna (1915)
  • The Shooting of Dan McGrew (1915)
  • The Vampire (1915)
  • A Órfã do Oceano (1916)
  • House of Cards (1917)
  • Behind the Mask (1917)
  • House of Cards (1917)
  • A Man and a Woman (1917)
  • The Great Adventure (1918)
  • A Soul Adrift (1919)
  • Vampire (1920)
  • Tarnished Reputations (1920)

Críticas - Anatomia de uma Queda (2023)

  Dirigido por Justine Triet Existe um subgênero no cinema, que já foi bastante explorado e nos entregou filmes marcantes. Questão de Honra ...