sexta-feira, 28 de abril de 2023

Críticas - LADRÕES DE BICICLETA (1948)

 Dirigido por: Vittorio de Sica


Antes de assistir qualquer filme, ou acompanhar um movimento artístico, temos que entender o contexto histórico. Ladri di Biciclette é o principal símbolo do Neorrealismo Italiano. Movimento criado justamente no decorrer da Segunda Guerra Mundial, que fazia oposição a estética de cinema fascista carregada de moralismo e positivismo, que não tinha absolutamente nada a ver com a realidade vivida naquele momento pela população. Os principais filmes do movimento, são justamente no pós-guerra. Alguns retratam acontecimentos do período bélico, outros relatam as consequências de todo aquele massacre. Resumindo: Vittorio de Sica, Luchino Visconti, Roberto Rossellini e até mesmo Federico Fellini, queriam dizer a verdade. Queriam se aproximar do povo. E isso revolucionou o cinema.

  Ok! Esse movimento italiano não criou a verdade no cinema. Os diretores citados anteriormente, beberam da fonte de outro movimento: o Realismo Poético Francês. Que teve como um dos seus principais realizadores Jean Renoir. Mas, o movimento francês não chocou tanto quanto o italiano. Além disso, outros grandes movimentos se inspiraram nele: a Nouvelle Vague, o Cinema Novo Brasileiro e a Nova Hollywood. Considero que há um cinema antes e depois desses movimentos.

  Todos eles têm em comum a realidade política/social/criminosa/amorosa. Em Ladrões de Bicicleta, tocamos mais na social.

  Logo, somos apresentados a centenas de pessoas que estão em busca de um emprego. Todos os dias, eles falavam com o mesmo homem, que lhes atualizavam sobre a situação. Antonio Ricci (Lamberto Maggiorani) é o sortudo do dia. Ele teria que colar cartazes. Para facilitar sua locomoção, era necessário uma bicicleta (objeto o qual ele não tinha). Muita gente se identificaria com a sequência seguinte, quando ele volta para casa informando a sua esposa a situação, e ela a soluciona penhorando alguns lençóis. Conseguindo o dinheiro, ele compra a bicicleta, e tudo é as mil maravilhas.

  Seu filho, Bruno Ricci (Enzo Staiola) (outro elemento colocado nesses quatro movimentos, que não era explorado antes no cinema de produção em massa; as crianças) fica estonteante com a notícia. No outro dia, Antonio deixa seu filho no trabalho, e parte para o seu primeiro dia. Tudo estava indo muito bem, quando de repente, um ladrão roubou sua bicicleta. Ele e seu supervisor tentam correr atrás, mas não conseguem. Todo o resto do filme, se baseia na busca desenfreada de Antonio e seu filho, pela bicicleta.

  O roteiro é maravilhoso! Chocante, revolucionário e imersivo. Tanto que foi indicado ao Oscar de Melhor Roteiro Adaptado, da edição de 1950 (Perdeu para Quem é o Infiel?, de Vera Caspary). Mas o filme em si é tão maravilhoso quanto. Os prêmios falam por si só (Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, BAFTA de Melhor Filme, Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro, Bodil de Melhor Filme Não Americano…). Porque essa película não foi só revolucionária em seu roteiro. Vemos também técnicas de direção, fotografia e direção de arte, que foram únicas para a época, que levantaram ainda mais a trama.

  Notem! Antonio e Bruno estão em busca da bicicleta. Então, Vittorio de Sica enche os quadros de bicicletas. Em cada frame durante a busca, sempre vai haver uma bicicleta ou pneu à vista. Colocando inclusive uma dúvida na cabeça do espectador, que sabe o nome do filme. Logo, nos perguntamos: Quando eles vão roubar logo uma dessas bicicletas? Mas lembrem-se: Sica quer conversar com as grandes massas. E com certeza, ele não quer passar no seu personagem um ar desonesto. Ele continua em busca da sua bicicleta, comprada com seu dinheiro, na qual ele sabe até o número de série do chassi de cor. Mas a busca vai deixando Antonio cada vez mais revoltado e impaciente. Principalmente quando ele descobre a identidade do ladrão, e passa a cassá-lo. Então, o que Vittorio faz: tira as bicicletas da cena e coloca pessoas. Enche o quadro de pessoas (Principalmente na cena da igreja). Uma característica de direção, vista em muitos diretores famosos, principalmente em Martin Scorsese, é o intimismo. O diretor quer que você mergulhe na mente do protagonista. Ele quer que você saiba dos seus interesses, de seus medos, de seus amores… Colocar bicicletas e/ou pessoas no quadro, fez de nós um olho extra para Antonio. Nós queremos que ele ache a bicicleta primeiro, mas depois queremos que ele ache o ladrão e o quebre na porrada. E depois, voltamos para bicicleta. Após a caçada ao ladrão, os quadros se enchem de bicicletas de novo.

  Nesse filme, há uma tragédia moral. Inclusive, Antonio, que não é um homem religioso, recorre até a uma vidente para encontrar o seu veículo. Virou quase um amor platônico. Olhem a construção personagem/roteiro: Positivismo ao catastrofismo, esperança à tristeza, trabalhador ao revoltado.

  Ladrões de Bicicleta é, na minha opinião, um dos 10 filmes mais importantes da história. Beira a perfeição em várias camadas, além de ter inspirado inúmeros outros grandes roteiristas e diretores. 

  O cinema é e sempre será o lugar dos sonhos. Mas precisamos ouvir a verdade às vezes. É importante que hajam filmes esfregando a verdade em nossas caras, usando até elementos surrealistas e fantasiosos às vezes, como em O Homem Invisível (2020), Bastardos Inglórios (2009), A Árvore da Vida (2011), Matrix (1999), Requiém para um Sonho (2000), Mulholland Drive (2001)… por exemplo. Inclusive, Fellini, um dos grandes realizadores do período, foi um diretor das fantasias. Porém, seus filmes jamais se alienam. O cinema é um local de sonhos, mas também de aprendizado. 


terça-feira, 25 de abril de 2023

Críticas - REPULSA AO SEXO (1965)

Dirigido por: Roman Polanski 


  O que falar sobre os filmes intimistas? Falamos sobre Scorsese, na crítica de O Rei da Comédia, o diretor que melhor usa esse elemento em seus filmes. Intimismo, é pura e simplesmente ver o mundo com outros olhos. No caso dos filmes, ver o mundo pelos olhos de um personagem. Isso não é fácil. É preciso ter um conhecimento muito profundo e seguro. Além de exigir bastante das atuações. E claro… um talento puro e exponencial do diretor. Que tem a dura missão de ser os olhos de um ser humano. Mas… para Roman Polanski e Catherine Deneuve, isso não é problema. Ambos brilharam e fizeram essa obra de arte.

  O que há nos recônditos da mente de um ser humano? Nossa espécie é muito complexa! De cara, temos o fato de que 90% de quem somos, está escondido. Nós não mostramos. É nosso subconsciente. Está lá nos cantinhos. Os 10% são na verdade os reflexos de quem nós realmente somos. Então, imaginem o trabalho que foi para Roman Polanski, entrar na mente de uma doente mental, que tem problemas psicossexuais? Percorrer cada detalhe de seus pensamentos… dar luz aos 90% que ninguém vê, apenas Carol… apenas a garota que sofre com esses traumas terríveis… Devo dizer… deve ter sido muito trabalhoso. Mas o resultado… foi simplesmente perfeito.

  O início do filme, já nos dá o sinal claro de se tratar de uma história intimista. Os créditos iniciais passam, enquanto atrás temos o olho de Carol. Muitos filmes que utilizam o intimismo, usam esse enquadramento para guiar o espectador. Explicá-lo que tudo que ele verá, será através da visão de um olhar específico. O filme A Primeira Noite de um Homem, também se utiliza desse início. Vemos Carol (Catherine Deneuve). Seu rosto. Muito bonito, por sinal. Ela mora com a irmã, em um ambiente independente e feminino. Elas tem o próprio espaço, e Carol se sente a vontade assim. Ela trabalha no salão de beleza, como manicure e estava sendo cortejada por um rapaz bonito e educado. Apesar de seu jeito recluso e introspectivo, ela parecia a vontade com o rapaz.

  Porém, Polanski começa a explorar um cantinho de sua mente. Enquanto caminha na rua, voltando do trabalho, ela recebe cantadas de trabalhadores, que estavam reformando uma calçada, que estava rachada.

Tudo parecia ir bem na vida de Carol, apesar ainda dos problemas de reclusão. Porém, tudo começa a desmoronar, com a chegada do namorado da irmã. Carol, claro, não gosta. Sente que é uma mudança muito repentina na vida das duas, que ela achava equilibrada. E a gota d´água, é quando o namorado da irmã começa a dormir na casa. Carol não consegue dormir com os barulhos dos dois fazendo sexo e se remexe na cama.

  O namorado, percebendo o humor recluso de Carol, alerta sua namorada, indicando que ela precisa de um médico. Carol gosta de olhar freiras jogando bola pela janela. A irmã planeja assar um coelho que acabou deixando na geladeira, após mudanças de planos. Carol alertou sua irmã sobre uma rachadura na parede.

  Ok. Disse essas fatos desconexos, por uma razão. Esse filme, utiliza de muitos simbolismos. Lembre-se, somos a mente de Carol. Os 10%... e também os 90%. Tudo piora, no momento em que a irmã decide viajar com o namorado. Aí que o filme realmente começa. Porque agora, Carol está sozinha na casa. E juntando os fatores; o assédio que recebia na rua, o namorado tentando avançar, apesar de suas recusas, o trabalho de manicure, as rachaduras nas paredes, o coelho na geladeira, a camisa que o namorado da irmã deixou no chão e sua própria presença nos últimos dias... o que acontece? Carol perde de vez a razão. E esse é um momento muito importante do filme, porque agora entramos de vez no subconsciente dela.

  Sua recusa pelo pretendente aumenta ainda mais. Ele a beija, mas ela foge em seguida e limpa a boca. Porque ela o recusa tanto? Ele é tão educado. Não é como os pedreiros na rua, consertando as rachaduras… rachaduras. Aos poucos, todas as noites, Carol ouve os barulhos de sexo no outro quarto, e vê as paredes rachando. Ela tira o coelho da geladeira e o deixa em um banco. O que acontece com um coelho morto fora da geladeira? Ele fede… mas ela não parece se incomodar com isso. Carol começa a ter um comportamento cada vez mais infantil, ainda mais recluso e ainda mais perturbador. Como na cena em que ela corta a cabeça do coelho e joga na bolsa da amiga de trabalho. No trabalho, suas confusões mentais passaram a ser incontroláveis. Ela acaba cortando o dedo de uma mulher. 

  E tudo vai piorando. Ela mergulha cada vez mais numa profunda perturbação. As rachaduras aumentam e aumentam. Nas noites, ela começava a ver os trabalhadores na rua entrando em seu quarto e transando com ela a força. É uma das cenas mais assustadoras que eu já vi. Ela já está completamente desequilibrada… seu pretendente, preocupado, vai a casa dela e arromba a porta. Tentava conversar, acalmá-la, enquanto insistia também em tê-la como namorada. Porém… ela o mata. O colocando na banheira.

  E segue-se. As rachaduras aumentam cada vez mais. O pedreiro, todas as noites, invadia seu quarto. Com o coelho ao lado, ela passa a camisa que o namorado da irmã esqueceu, com o ferro desligado. E nesse momento, a direção de arte e direção brilham ainda mais. A própria casa, agora tinha um aspecto onírico. Lembrando muito os filmes do expressionismo alemão, inclusive. Enquadramentos em que Carol não parece caber no local, onde ela tem que se curvar, as paredes da sala alongadas, dando a impressão de terem um comprimento infinito... Polanski brilhou nesses enquadramentos. Perfeito! E a cena principal do filme, é quando ela atravessa o corredor que parece interminável e que se encurtava cada vez mais, e as rachaduras na parede se abrem de vez, onde mãos começam a sair das rachaduras, enquanto Carol tentava atravessar. As mãos a tocam, a molestam… outra cena perfeita e assustadora no ponto certo. 

  Ela acaba cometendo outro assassinato. Dessa vez, é o senhorio do apartamento. Que lhe fez a proposta de esquecer os aluguéis, se ela lhe satisfizesse. Ela o mata sem pudor. Antes, eles tiveram um papo e o senhorio olhava a foto da família no canto.

  Que atuação assustadora da grandíssima atriz Catherine Deneuve. Sem dúvidas, ela está no hall da fama do cinema mundial e o que ela fez nesse filme, foi arrebatador. Ela deu o corpo, a alma… tudo! Nesse personagem tão profundo, tão incrível e tão perturbador. Seus olhos… o que ela fez com os olhos nesse filme. Até porque, como vimos no início, eles são principal personagem do filme. Eles estão guiando a história. Então, ela precisava atuar com os olhos principalmente. E ela o fez. Brilhantemente.

  Polanski é genial. Três filmes que eu assisti dele, que ficaram na minha memória: Repulsa ao Sexo, O Inquilino e O Bebê de Rosemary. Os três tem em comum a ótima direção e roteiro. São histórias muito boas, com plot twists, muito bem guiadas e… com o final arrebatador.

  Carol entra em colapso final e desmaia, como se estivesse em coma eterno.  Nesse momento, chegam na casa sua irmã e o namorado. De cara ela sente o cheiro do coelho, o ferro fora do lugar, a bagunça na sala e… o corpo morto na banheira. Enquanto a comoção era feita, com muitos vizinhos aparecendo e acodindo Carol, o namorado da irmã a pega pelos braços e a leva para um outro quarto, soltando um sorriso malicioso. E aí vem o final maravilhoso. Agora que ela está com os olhos fechados, Polanski passa pela sala, mostrando cada detalhe daquela última semana. A bagunça, biscoitos no chão… até que ele chega a foto de família. E a câmera dá um close. E se aproxima… aproxima… Lá está Carol criança de pé e a certa distância um homem sentado. E o close aumenta até chegar ao rosto de Carol… até chegar a seus olhos… que paralisaram, aterrorizados olhando para o homem sentado… olhando para seu pai. Polanski… que história maravilhosa. Bem amarrada, bem contada… Simplesmente brilhante!


segunda-feira, 3 de abril de 2023

Críticas - O REI DA COMÉDIA (1982)

 Dirigido por: Martin Scorsese


Esse gênio do cinema mundial, sempre nos faz refletir em seus filmes sobre nossa própria existência. Scorsese toca e enfatiza em seus personagens principais o pior lado do ser humano. Nosso lado animalesco e selvagem. Em The King of Comedy, ele nos deixa uma incrível reflexão: Até que ponto você iria, para conhecer alguém famoso, que possa ajudá-lo a realizar um sonho? Você se misturaria entre fãs enlouquecidos? Invadiria o carro dele/a? Invadiria seu local de trabalho? Invadiria sua casa? Cometeria um crime? Iria preso? 


  Sei que várias pessoas, pararam na segunda pergunta. Mas, quantas vezes nós não nos fizemos essa pergunta? “Se meu sonho é tão importante, eu faria qualquer coisa para realizá-lo?” Eu lhe digo uma coisa, caro leitor: muita gente passa da segunda pergunta. Talvez não vá até a última, mas… muitas pessoas, nessa selva de pedra em que vivemos, ultrapassam todos os limites, para conseguir vencer. Realizar um sonho. Claro! Scorsese nos mostrou um ser humano sem nenhuma limitação moral, como é comum em seus filmes. Rupert Pupkin (Robert De Niro).


  Como disse, Scorsese sempre mostra o pior lado do ser humano. E suas histórias em geral são trágicas. Seja moralmente, ou fisicamente. Nesse caso, moralmente. As perguntas do primeiro parágrafo, foram respondidas por Rupert. Mas desde o início, estava muito claro que o protagonista estava convicto do que queria. Ele queria um espaço no programa de Jerry Langford (Jerry Lewis), no The Tonight Show. Todo comediante americano, sonhava com 5 minutos nesse programa, que existe de verdade. Nas primeiras cenas, Rupert está entre vários fãs enlouquecidos, que queriam um autógrafo, ou até o mesmo que Rupert. Quando Jerry foi para o carro, havia uma fã dentro, Masha (Sandra Bernhard), que também é outra fã quase do nível de Rupert. Quase.


  O uso da câmera lenta, no momento em que Jerry aparece na multidão, é sensacional. Scorsese usa muito o intimismo em seus filmes. Ele permite que nós olhemos o mundo, através da visão do protagonista. Enquanto todos estavam extasiados com a presença do famoso apresentador, Rupert o viu… em câmera lenta. O que denota frieza, calcularidade. Como disse: Rupert sabia exatamente o que estava fazendo.


  Martin Scorsese é um diretor que também não se preocupa em esconder informações. Suas histórias tem linearidade, por serem caminhadas trágicas. Martin enfatiza minuto a minuto, que o protagonista é um ser imoral. E que está caindo em desgraça. Nas primeiras cenas, que é justamente o momento de base do filme, Scorsese já nos diz que Rupert é doido. Tem alucinações, fala sozinho. Ok! Quem nunca se imaginou recebendo um Oscar? Quem nunca falou consigo mesmo no espelho, treinando para uma importante reunião? Sim! Todos nós fazemos isso! Porque nós somos seres humanos. Nós sonhamos também. Mas o diretor americano deixa claro nas cenas em que Rupert ensaiava para quando estivesse no programa de Jerry, que o protagonista está além do normal. Era um foco, uma atenção, uma determinação, que chegou à loucura. E para não termos dúvidas, Martin nos coloca dentro das alucinações de Rupert. Como falei: Scorsese não se preocupa em dar informações sobre seu protagonista.


  E aí, à medida que as perguntas do primeiro parágrafo vão sendo respondidas, há sinais muito interessantes no figurino e na direção de arte. A cor vermelha começa a aparecer. No filme, o aumento da cor vermelha significa perda de moral. Antes víamos azul, amarelo, verde… mas o vermelho começava a ficar presente. Pela primeira vez, quando ele foi expulso do estúdio do programa. E esse vermelho vai aumentando… aumentando. Até que vemos um quadro vermelho, com uma espécie de poça no meio. Sangue derramado. E Rupert, mesmo nessa caminhada, aumentando o nível de sua imoralidade, selvageria, ele permanece calmo, frio… assim como vimos lá na primeira vez em que ele viu Jerry. Rupert continuou vendo tudo em câmera lenta. Mesmo ele passando cada vez mais dos limites. E no final, tudo é vermelho. Sua roupa, seu espaço… ele chegou a glória, e ultrapassou o último limite.


  Scorsese, principalmente nessa época, é um diretor fortemente inspirado na Nouvelle Vague. Vimos isso nesse filme e em Taxi Driver (1976). A filmagem na rua, com pessoas passando, trânsito, barulho, diálogos mais abertos e improvisados. A escola francesa marcou sua época por utilizar o ar livre, por ser mais barato. Não havia a necessidade de locar um estúdio, E assim se desgarrar do produtor, que era figura que os diretores da Nouvelle Vague mais criticavam. O diretor americano bebeu da fonte de Truffaut e Godard, e criou obras primas da Nova Hollywood. Taxi Driver foi o principal, mas O Rei da Comédia não fica muito para trás.


  Que relação gostosa essa de Robert De Niro e Scorsese. Foram inúmeras parcerias no século XX, inclusive em Taxi Driver. De Niro é o ator que melhor lê e entende o que Scorsese quer dizer. De Niro foi perfeito em todos os filmes do diretor. E sinceramente, em O Rei da Comédia, ele fez um personagem muito original. Nunca vi nada parecido. A frieza, a falta de limites, a loucura… tudo foi expressado de maneira impecável. Seus sorrisos, gargalhadas, caras e bocas… ele carregou o filme muito bem. E apesar do personagem ser uma pessoa horrível, louca… nós ficamos com ele. Assistimos ele, rimos dele e até torcemos em alguns momentos. Isso é uma grande atuação. Isso é um grande personagem dirigido. Esse é Robert De Niro + Martin Scorsese. 


  E a cena final que nos deixou essa pergunta com a presença do vermelho… E aí?! Até que ponto você quer realizar seu sonho? Você está realmente convicto, de que fará qualquer coisa? Mesmo se invadir carros, estúdios, casas não resolverem… e aí? O que você faria depois? Está disposto a aceitar o vermelho?


Críticas - Anatomia de uma Queda (2023)

  Dirigido por Justine Triet Existe um subgênero no cinema, que já foi bastante explorado e nos entregou filmes marcantes. Questão de Honra ...